Duas noites sem dormir são suficientes para um cansaço no mínimo mental. Suficientes para um nada. Um nada que permanece vivo na minha cabeça. Totalmente imprestável em quase todos os aspectos e, ainda assim, me sobra um espaço renascido das cinzas para escrever. Escrever sobre o nada. Escrever sobre o quanto eu gosto dessa sensação e o quanto ela me mantém acordada. Não sei como sinto, porque o nada seria justamente isso: não sentir. Mas fui avisada há exatamente cinco minutos atrás que “sentir o nada é como ver o escuro”, literalmente você vê o escuro, mas não vê luz. Talvez não queira enxergar, talvez nem saiba que consiga enxergar. Ou que meus olhos queiram ver algo… Não sei. Não sei por que eu escrevo, só sei que escrevo. Talvez seja o nada querendo se comunicar, querendo ser algo, querendo deixar de ser ele mesmo: o nada. Talvez a falta de pensamentos concretos, harmonizantes ou normais, o que chamo de diários. Talvez seja minha vontade de não querer pensar, nem refletir. Não querer me envolver, me entrelaçar em soluções, em respostas. Ficar curiosa comigo mesma e parar sempre que tiver um fio de cabelo incomodando. A inexistência disso. Tudo muito livre, sem incógnitas. Mas muito tranqüilo e vivo. Andei por muito tempo querendo conhecer coisas, pessoas, sentimentos e colocando interrogações em cada ação, cada movimento. Brusco ou não. Eu parava no final do dia e sentia o prazer de tentar entender cada situação e procurar incansavelmente por caminhos ideais. Só que hoje não acho que exista algo ideal. Não acho que existam opções, só escolhas. Não existe algo determinado. Não existe certo ou errado, bom ou ruim (e que agora prefiro não explicar, ou tentar). Estou num tempo de correr, de dançar todos os ritmos, de sorrir cada momento, de chorar quando for necessário, mas não passar dias estourando bolhas de “por quês”. Tudo simplesmente corre, não pára para descansar e ver quem ficou para trás. As coisas passam por mim e apenas passam. Não busco olhar e questionar e saber seu futuro daqui a algumas horas. Não é pessimismo, nem realismo, é apenas deixando ser. É o agora. Meu único tempo, minha única razão.
Sem inconseqüência, mas com muita loucura. Com ou sem medo – sem pensar. Mas vivendo.
… E dormindo.
Eu acho que preciso dormir, agora.