uma rede de ilusões (miúdas, amadas)

uma rede de ilusões (miúdas, amadas)

Sinto como se o mundo quisesse me salvar. Mas eu não quero ser salva. Quero padecer nesse inverno.

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agosto 27, 2012 · 5:08 pm

Explodi

Algo me aflinge.
Me aflinge tanto, que a intensidade anula o que eu deveria verdadeiramente saber. Como eu deveria explicar a mim mesma os “por quês” e como eu sairia dessa, sem precisar de livros, dicas ou palavras absurdas de qualquer pessoa.
Me sinto pensando muito. Pensando em muita coisa, mas muita coisa ao mesmo tempo. Como se tudo viesse para mim simultaneamente, e eu tendo que processar em milésimos de segundos. Me sinto sobrecarregada. Mente pesada, hipotálamo apertado, membros cansados. Nada muito ativo.
Me sinto julgada, às vezes por mim mesma. É como se estivesse na mesa todas as minhas máscaras, expostas para todos. Como se eu precisasse explicar ou entender o sentido de eu ter usado elas, o sentido, apenas, de elas estarem ali me denunciando. Como se eu estivesse em um palco, para milhões de pessoas me ouvirem dizer o que eu fui… E o que eu sou.
Para depois virarem de costas, darem gargalhadas, se divertirem, e acharem que são únicas. Que têm um pensamento único. Que sempre serão as mesmas e defenderão isso com atitude. Para acharem que se sentem livres, que se sentem leves, que estão bem consigo mesmas, que permanecerão com o “eu sou assim” forever and ever.
Essa pressão cai sobre mim. Cai naquilo que eu faço. Cai na minha cabeça cheia de interrogações, e depois cai no meu quarto, e dorme na minha cama fresca, e se hospeda gratuitamente na minha casa. Todo dia me acorda para lembrar o que eu fui, e como eu pensava, como eu agia. Todo dia a mesma aflição.
Isso é o algo.
Mas é nulo.
É nulo porque daqui a cinco minutos eu pensarei diferente. Daqui a cinco minutos eu vou processar outros programas. Eu vou me apaixonar por Hitler, ao invés de me apaixonar por Shakespeare. Ontem eu rejeitava sopa, hoje eu faço a dieta dela. Me embebedava com suco de limão, agora eu peço caipirinha…Daqui a cinco minutos eu vou preferir estar dormindo, ao
ter que ficar aqui tentando escrever como minha cabeça tá rodando. Ou, vou preferir que ela rode em outro lugar. Ou, não vou querer ter ânsia de vômito de tanto rodar.

Muda tanto. E tudo se julga. E todos se prendem.
E ninguém percebe que, a roupa que foi ridícula dos anos 90, vai ser a mais usada no séc XXI.
O negócio é se soltar,
deixar essa coisa de ser “eu não sou um paradoxo” e mandar todo mundo se foder.

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Um caco e as palavras no vácuo

Duas noites sem dormir são suficientes para um cansaço no mínimo mental. Suficientes para um nada. Um nada que permanece vivo na minha cabeça. Totalmente imprestável em quase todos os aspectos e, ainda assim, me sobra um espaço renascido das cinzas para escrever. Escrever sobre o nada. Escrever sobre o quanto eu gosto dessa sensação e o quanto ela me mantém acordada. Não sei como sinto, porque o nada seria justamente isso: não sentir. Mas fui avisada há exatamente cinco minutos atrás que “sentir o nada é como ver o escuro”, literalmente você vê o escuro, mas não vê luz. Talvez não queira enxergar, talvez nem saiba que consiga enxergar. Ou que meus olhos queiram ver algo… Não sei. Não sei por que eu escrevo, só sei que escrevo. Talvez seja o nada querendo se comunicar, querendo ser algo, querendo deixar de ser ele mesmo: o nada. Talvez a falta de pensamentos concretos, harmonizantes ou normais, o que chamo de diários. Talvez seja minha vontade de não querer pensar, nem refletir. Não querer me envolver, me entrelaçar em soluções, em respostas. Ficar curiosa comigo mesma e parar sempre que tiver um fio de cabelo incomodando. A inexistência disso. Tudo muito livre, sem incógnitas. Mas muito tranqüilo e vivo. Andei por muito tempo querendo conhecer coisas, pessoas, sentimentos e colocando interrogações em cada ação, cada movimento. Brusco ou não. Eu parava no final do dia e sentia o prazer de tentar entender cada situação e procurar incansavelmente por caminhos ideais. Só que hoje não acho que exista algo ideal. Não acho que existam opções, só escolhas. Não existe algo determinado. Não existe certo ou errado, bom ou ruim (e que agora prefiro não explicar, ou tentar). Estou num tempo de correr, de dançar todos os ritmos, de sorrir cada momento, de chorar quando for necessário, mas não passar dias estourando bolhas de “por quês”. Tudo simplesmente corre, não pára para descansar e ver quem ficou para trás. As coisas passam por mim e apenas passam. Não busco olhar e questionar e saber seu futuro daqui a algumas horas. Não é pessimismo, nem realismo, é apenas deixando ser. É o agora. Meu único tempo, minha única razão.
Sem inconseqüência, mas com muita loucura. Com ou sem medo – sem pensar. Mas vivendo.

… E dormindo.

Eu acho que preciso dormir, agora.

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Algo que não vale a pena ler

Por que o homem tem que viver sob cultura? Por que NECESSARIAMENTE ele tem que ter alguma cultura? E por onde irão andar todas as minhas vontades, curiosidades, o que se resume em liberdade, liberdade de alma, do corpo. Não só expressão, mas atitude. Eu quero liberdade de atitude. Eu quero poder me ver a guiar os meus próprios passos. Eu quero poder errar, e acertar, errar de novo… E acertar. Eu quero poder me virar só. Eu quero poder aprender e não ter que esperar alguém aplaudir, ver o meu sucesso. Eu quero poder me virar só. Sentir que estarei livre de acusações, de pré-conceitos, de todos. Somente eu.
A minha cultura não interessa, nem minhas crenças. O Mundo não é justo, eu não sou justa. Não há mais o que esperar, e é preciso pular de todos os conceitos fabricados e ir mais além. Porque tudo é tudo mais que isso. É só uma questão de coragem.
Algo inexistente no homem.

Que nunca me perdoem pelas supostas heresias.

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Welcome to the Jungle

Quase que esse peso nas pernas, essa dor nas costas e nos quadris, esse inchaço no tornozelo, esse sono acumulado que me persegue a dois dias, como de alguém que passou o final de semana bebendo, dançando, se drog… (tenho a impressão que menores de idade lerão isso aqui) enfim, “na farra”, me impedia de fazer meus primeiros relatos. Mas a ânsia de expor todas as minhas análises durante esses dias superou qualquer dorzinha aqui ou ali.
Então, nada melhor que um dia fora do ambiente doméstico, longe de fraternidade (ou seja lá o que exista nesse meio) para essa Menarca.  Foi preciso bons olhos para crer no que um homem é capaz de fazer. Não que isso seja uma grande descoberta, e que de fato não é (rá), só apenas interessante ver todas as possibilidades. Estive em dois ambientes distintos. No primeiro eu pude sentir a imensa vontade das pessoas, se é que eu posso chamar ‘aquilo’ de pessoas, se afirmarem em algo. De ser algo. Roupas, gestos, modos acompanhados de bebidas caríssimas em taças de gala, pessoas sentadas no sofá falando da bolsa que comprou semana passada, do sapato de alguém que não está combinando com a roupa, do cara super lindo, inteligente e, principalmente, rico que está ficando e…blergh, animais (vulgo homens) procurando arduamente por carne, carne, carne.  Na pista de dança, nada diferente. Incrivelmente pessoas paradas ou algumas com o famoso dois pra lá-dois pra cá, observando cada movimento da sua presa. E lá estava eu, a única, a ovelha negra, dançando freneticamente enquanto me esquivava dos predadores famintos. Eu era um peixe fora d’água, ou melhor, dentro dela, só que quase sem ela. Me afoguei naquele lugar onde comparar vestidos valiam mais que a vontade de se divertir. Da próxima vez, se houver, vou me certificar de estar usando um longo com um salto “babado” para dançar até o chão, porque é a forma mais aconselhável e que me deixaria mais livre durante toda a noite ou então, uma capa de invisibilidade do Harry Potter.

Quebrando esse clima “350ml-de-shampagne-por-100-reais”, estaria a falsa anti-burguês aqui num lugar totalmente, hum, digamos, livre. Aliás, quase livre, se é que você me entende.  O extinto era outro. Era mais que diversão, era colisão. Muitos corpos se colidindo com outros, e depois outros. Independente do sexo, cor, raça, religião, cultura… Enfim, o que eu chamo de diversão. Vi sandálias havaianas (com barra da calça arrastando no chão) puxarem All Stars pretos, sujos por uns cinco anos, para o banheiro femin… Não… mascu…não,  apenas banheiro, porque era unissex. O máximo. Olhar aquelas pessoas que, por sinal, não estavam olhando minha roupa ou com quem eu estava, foi perfeito. Estar no meio delas e me sentir parte de tudo aquilo, foi mais que perfeito. Eu pude até imaginar um dia diferente dos que eu vejo. Um dia em que eu sairia na rua e viria um sol roxo iluminando quem quer que seja, pessoas amando quem quer que seja, lugares freqüentados por quem quer que seja, e uma liberdade inventada. A que você inventa. Sem segredos, sem os “não-posso-falar-em-voz-alta”, sem tabus, sem normalidade. Onde você escolhe o que você quer ser e o que quer amar. Amando a pessoa, e não o sexo.

Quase salvei o Mundo com essa moral. Só porque o primeiro post tem que causar boa impressão.
Não se enganem, ou melhor, se enganem. Fica a dica.

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