Welcome to the Jungle

Quase que esse peso nas pernas, essa dor nas costas e nos quadris, esse inchaço no tornozelo, esse sono acumulado que me persegue a dois dias, como de alguém que passou o final de semana bebendo, dançando, se drog… (tenho a impressão que menores de idade lerão isso aqui) enfim, “na farra”, me impedia de fazer meus primeiros relatos. Mas a ânsia de expor todas as minhas análises durante esses dias superou qualquer dorzinha aqui ou ali.
Então, nada melhor que um dia fora do ambiente doméstico, longe de fraternidade (ou seja lá o que exista nesse meio) para essa Menarca.  Foi preciso bons olhos para crer no que um homem é capaz de fazer. Não que isso seja uma grande descoberta, e que de fato não é (rá), só apenas interessante ver todas as possibilidades. Estive em dois ambientes distintos. No primeiro eu pude sentir a imensa vontade das pessoas, se é que eu posso chamar ‘aquilo’ de pessoas, se afirmarem em algo. De ser algo. Roupas, gestos, modos acompanhados de bebidas caríssimas em taças de gala, pessoas sentadas no sofá falando da bolsa que comprou semana passada, do sapato de alguém que não está combinando com a roupa, do cara super lindo, inteligente e, principalmente, rico que está ficando e…blergh, animais (vulgo homens) procurando arduamente por carne, carne, carne.  Na pista de dança, nada diferente. Incrivelmente pessoas paradas ou algumas com o famoso dois pra lá-dois pra cá, observando cada movimento da sua presa. E lá estava eu, a única, a ovelha negra, dançando freneticamente enquanto me esquivava dos predadores famintos. Eu era um peixe fora d’água, ou melhor, dentro dela, só que quase sem ela. Me afoguei naquele lugar onde comparar vestidos valiam mais que a vontade de se divertir. Da próxima vez, se houver, vou me certificar de estar usando um longo com um salto “babado” para dançar até o chão, porque é a forma mais aconselhável e que me deixaria mais livre durante toda a noite ou então, uma capa de invisibilidade do Harry Potter.

Quebrando esse clima “350ml-de-shampagne-por-100-reais”, estaria a falsa anti-burguês aqui num lugar totalmente, hum, digamos, livre. Aliás, quase livre, se é que você me entende.  O extinto era outro. Era mais que diversão, era colisão. Muitos corpos se colidindo com outros, e depois outros. Independente do sexo, cor, raça, religião, cultura… Enfim, o que eu chamo de diversão. Vi sandálias havaianas (com barra da calça arrastando no chão) puxarem All Stars pretos, sujos por uns cinco anos, para o banheiro femin… Não… mascu…não,  apenas banheiro, porque era unissex. O máximo. Olhar aquelas pessoas que, por sinal, não estavam olhando minha roupa ou com quem eu estava, foi perfeito. Estar no meio delas e me sentir parte de tudo aquilo, foi mais que perfeito. Eu pude até imaginar um dia diferente dos que eu vejo. Um dia em que eu sairia na rua e viria um sol roxo iluminando quem quer que seja, pessoas amando quem quer que seja, lugares freqüentados por quem quer que seja, e uma liberdade inventada. A que você inventa. Sem segredos, sem os “não-posso-falar-em-voz-alta”, sem tabus, sem normalidade. Onde você escolhe o que você quer ser e o que quer amar. Amando a pessoa, e não o sexo.

Quase salvei o Mundo com essa moral. Só porque o primeiro post tem que causar boa impressão.
Não se enganem, ou melhor, se enganem. Fica a dica.

6 Comentários

Arquivado em Gritando um certo moralismo

6 Respostas para “Welcome to the Jungle

  1. Mas é claro que eu me lembro de você! Achei que tivesse desistido do blog, visitei-o algumas vezes depois que sumiu, mas…
    É bom que está de volta. O título do blog é ótimo, by the way! Espero que esse blog vingue.

    Encontrei-me em trechos do seu texto. De verdade. Algo na segunda parte dele me fez lembrar de determinados momentos recentes… gostei. Tanto dos momentos quanto da leitura (:

    Beijos, e bem-vinda de volta.

  2. Poizé!
    Hoje mesmo me peguei “defendendo” a liberdade – livre de moralismos. Mas acho que não mudarei o mundo…

    Beijos!

  3. Rodrigo

    É bom ter asas, porém, melhor ainda, é ter espaço para abrí-las.

  4. Danilho

    uma frase resume bem o que eu to afim de fizer:
    welcome to the jungle, we have fun and games.
    :]
    enjoy it!

  5. É…. o problema é que depois do fim de semana vem a segunda-feira. E um problema maior é que quase nenhuma segunda-feira é feriado! Por falar nisso, 2008 foi um ano péssimo para feriados…

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